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Monthly Archives: Setembro 2023

Hervé Guibert e Roland Barthes: escrita, fotografia, cinema e cultura queer

2 e 3 de Outubro, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH), na Livraria Linha de Sombra e na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema

Organização: Amândio Reis (CEComp), José Bértolo (IELT) e Luís Mendonça (ICNOVA). A NOVA FCSH e a FLUL com a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, a Livraria Linha de Sombra e a BCF Editores.

Local da conferência: Auditório B1, Torre B, da NOVA FCSH (Campus da Avenida de Berna, 26-C).

Dias e horas: 2 e 3 de Outubro (segunda-feira e terça-feira), com mesas de manhã e à tarde (ver abaixo)

Breve apresentação:

Reflexão, no campo de estudos da fotografia e dentro do tema da espectralidade, da auto-ficção e da cultura queer, acerca dos universos de Hervé Guibert e de Roland Barthes, com o objectivo de actualizar e expandir o pensamento de um, Barthes, com a prática e o pensamento do outro, Guibert.

A conferência é de entrada livre.

Dia 2 de Outubro, segunda-feira

11:00-11:20 — Tiago Bartolomeu Costa – “Hervé Guibert, visões da plateia”

11:20-11:40 — Ana Gandum – “Intersecções especulares: Mauricio Lissovsky e o Ф da fotografia – uma releitura selvagem da Câmara Clara”

11:40-12:00 — Afonso Dias Ramos – “Barthes e Guibert, ou a fotografia como luto e desejo”

12:00-12:30 — Discussão

14:30-14:50 — Guillaume Bourgois – “Fragmentos de um discurso amoroso, dramma giocoso”

14:50-15:10 — Madalena Miranda – “Imagens e Fantasmas no Auto Retrato a partir de Hervé Guibert”

15:10-15:30 — Filippo Tomasi – “Tempo e história: os projetores da imagem foto-cinematográfica de Ted Victoria e Francisco Tropa”

15:30-16:00 — Discussão

18:00 — Lançamento de A Imagem Fantasma, com Amândio Reis e António Guerreiro, na Livraria Linha de Sombra, Cinemateca Portuguesa

19:00 — Exibição de La Pudeur ou l’impudeur, com apresentação de Brian Dillon*, na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, filme de abertura do ciclo Hervé Guibert e Roland Barthes: Os Fantasmas do Íntimo

Dia 3 de Outubro, terça-feira

11:00 –11:20 — Margarida Medeiros – a definir

11:20 –11:40 — Sandra Camacho — “A imagem da mãe perdida: fotografia e luto em Barthes, Calle e Gervassi”

11:40 – 12:00 — António Guerreiro — “Hervé Guibert e a geração SIDA”

12:00 – 12:30 — Discussão 

14:30 – 14:50 — Luís Mendonça — “Hervé Guibert and Roland Barthes and their m/others: the death of the author after photography”*

14:50 – 15:10 — José Bértolo — “Guibert photographer”* 

15:10 – 15:30 — Amândio Reis — “A photographic fantasy: Guibert and writing”*

15:30 – 16:00 — Discussão 

16:00 – 16:30 — Intervalo 

16:30 – 18:00 — Brian Dillon — “On Form and Affinity”*

*– as apresentações assinaladas irão decorrer em inglês e sem tradução.

Autoportrait à la chaise (1986) de Hervé Guibert

Notas biográficas

Afonso Dias Ramos é investigador no Instituto de História da Arte (NOVA FCSH/IN2PAST), Editor Associado da Revista de História da Arte, e Professor Auxiliar Convidado na NOVA FCSH. Foi Professor Auxiliar Convidado na Universidade de Coimbra, bolseiro pós-doutoral no Forum Transregionale Studien/Freie Universität Berlin, e Investigador Convidado no Museu Calouste Gulbenkian. Tem um doutoramento e um mestrado em História da Arte pelo University College London. Trabalhou no Centro de Arte Moderna Gulbenkian, e estudou na NOVA FCSH e Université Paris-Sorbonne (Paris IV). Entre outros trabalhos recentes, foi co-curador da exposição O Castelo Surrealista de Mário Cesariny no MAAT (2023), co-editor de Ernesto de Sousa 1921-2021: uma criação consciente de situações, uma situação consciente de criações (IHA, 2023); Photography in Portuguese Colonial Africa, 1860-1975 (Palgrave MacMillan, 2023); Activism: Documents of Contemporary Art (MIT Press, 2023); e editor de O Castelo Surrealista de Mário Cesariny (Documenta, 2023).

Amândio Reis é investigador de pós-doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e professor auxiliar convidado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (Universidade Nova de Lisboa). Fundou e dirige a Compendium: Revista de Estudos Comparatistas. Em 2022, publicou o livro Short Stories, Knowledge and the Supernatural: Machado de Assis, Henry James and Guy de Maupassant (Palgrave). Tem leccionado nas áreas de estudos literários, literatura comparada e literatura e cinema. Traduziu A Imagem Fantasma, de Hervé Guibert (BCF, 2023).

Ana Gandum é uma historiadora e artista visual, cujas áreas de pesquisa principais concernem a história das imagens fotográficas e a cultura material. O seu percurso curricular iniciou-se com uma licenciatura em História (Universidade NOVA de Lisboa), seguida de um Master 2 em “Histórias, Poderes, Saberes” (University Paris 8 – Saint-Denis), e um Doutoramento em Estudos Artísticos – Arte e Mediações (Universidade NOVA de Lisboa). Do currículo destaca a escrita de ensaios e textos académicos, a pesquisa em arquivo e reflexão sobre este conceito, a par de exposições com fotografias, objectos e publicações autorais sobre fotografia pessoal e de família. Trabalha desde 2022 na Direção Regional da Cultura da Madeira onde exerce funções de programação cultural. Foi docente em 2020 na Nova-FCSH e é atualmente docente na Universidade da Madeira.

António Guerreiro é cronista e crítico literário do jornal Público, editor da revista Electra (Fundação EDP) e docente convidado da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Além de colaboração dispersa em revistas, catálogos e livros coletivos, é autor de dois livros: O Acento Agudo do Presente (Cotovia, 2000) e O Demónio das Imagens: Sobre Aby Warburg (Língua Morta, 2018).

Brian Dillon é um escritor e crítico irlandês que mora em Londres. Os seus livros incluem Affinities (2023), Suppose a Sentence (2020), Essayism (2017, o único lançado no mercado nacional, pela editora Bazarov, em 2020, com o título Ensaísmo) e In the Dark Room (2005). Os seus escritos sobre arte, literatura e cultura apareceram no The Guardian, no The New York Times, na The New Yorker, na Artforum, na frieze e na London Review of Books. É professor de Escrita Criativa na Queen Mary University of London.

Filippo De Tomasi doutorou-se em Estudos Artísticos – Arte e Mediações na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade NOVA de Lisboa – FCSH/UNL (Portugal), em 2022. É mestre em Artes Visuais na Alma Mater Studiorum – Universidade de Bologna (Itália), com especialização em história da arte contemporânea e teoria e prática de fotografia. Colaborou em projetos artísticos e tem publicado alguns artigos em revistas dedicadas à arte contemporânea. Nos últimos anos, tem lecionado como professor no ensino público, participado e apresentado comunicações em conferências nacionais e internacionais. É membro cofundador do grupo Observatório Estudos Visuais e Arqueologia dos Media do Instituto de Comunicação da FCSH/UNL. Ainda colabora em projetos curatoriais com o coletivo Da Luz Collective.

Guillaume Bourgois é professor de Estudos cinematográficos na universidade Grenoble-Alpes, e encontra-se em delegação CNRS junto do laboratório THALIM para o ano 2023/2024. Autor de uma tese intitulada Poétique de la divergence: le cinéma d’Oliveira à la lumière de Pessoa (et de Godard), trabalha principalmente sobre o cinema português, o cinema americano, os filmes de Godard e Herzog, e sobre o pensamento de Deleuze e Nietzsche. Publicou em 2013 um ensaio sobre O Estranho caso de Angélica e o livro de análise fílmica Dialoguer avec Ray, Godard, Visconti & friends. Está actualmente a preparar uma HDR, acompanhada pelo filósofo Peter Szendy, sobre o que Deleuze chama as “puissances du faux” cinematográficas. 

José Bértolo (PhD, 2019) é Professor Adjunto Convidado na ESAD-CR e investigador de pós-doutoramento no IELT, da FCSH-NOVA. É co-PI, com Clara Rowland, do projecto “GHOST — Espectralidade: Literatura e Artes (Portugal e Brasil)”, financiado pela FCT. É autor de diversos livros, entre os quais Espectros do Cinema: Manoel de Oliveira e João Pedro Rodrigues. Co-organizou volumes de ensaios e números de revistas científicas, nomeadamente, com David Campany, um número da Compendium: Journal of Comparative Studies dedicado às “Materialities of the Photobook”. É também fotógrafo: www.josebertolo.com.

Luís Mendonça doutorou-se em Ciências da Comunicação na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas  da  Universidade  Nova  de  Lisboa  (NOVA  FCSH) com uma tese publicada em 2017 pela Edições  Colibri,  Fotografia  e  Cinema  Moderno:  Os  Cineastas Amadores do Pós-Guerra. Publicou recentemente Majestosa Imobilidade: Contributo para uma Teoria do Fotograma pela Edições 70. É  coeditor  do  site  À  Pala de  Walsh,  programador  na  Cinemateca  Portuguesa  –  Museu  do  Cinema  e  docente-precário na NOVA FCSH.

Madalena Miranda é cineasta e investigadora. Atualmente é professora auxiliar no IADE e colabora com a NOVA-FCSH. É investigadora integrada no ICNOVA e vice-coordenadora do grupo Cultura, Mediação e Artes. É doutorada em Media Digitais, Criação de Conteúdo Audiovisuais e Interativos, pela NOVA-FCSH. É licenciada em Ciências da Comunicação pela NOVA-FCSH, Cinema e Televisão e Mestre em Antropologia ISCTE-IUL. Os seus interesses de pesquisa englobam Teoria e Crítica dos Media Digitais, Cinema e Estudos Visuais e Ecomedia.

Margarida Medeiros é Professora no Departamento de Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Investigadora no ICNOVA (Instituto de Comunicação da NOVA). É autora de vários livros e artigos sobre Fotografia numa perspectiva cultural e filosófica. Alguns dos títulos publicados são Fotografia e Narcisismo: O Auto-Retrato Contemporâneo (Assírio & Alvim, 2000), Fotografia e Verdade: Uma História de Fantasmas (Documenta, 2010), Animismo e outros ensaios (Documenta, 2023). Em 2016 organizou o livro Fotogramas: Ensaios sobre Fotografia (Documenta), que reúne ensaios sobre fotografia de diversos autores portugueses.

Sandra Camacho é doutorada em Estudos Comparatistas pela Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa. Desenvolve o projeto pós-doutoral, Explorações Artísticas de Limitações Tecnológicas na Fotografia Portuguesa do séc. XXI, no ICNOVA, da FCSH — Universidade Nova de Lisboa. Tem como principais áreas de investigação o arquivo enquanto prática artística, arqueologia dos media, estudos interartes e intermedia.

Tiago Bartolomeu Costa é doutorando em Artes (FBAUL), curador e programador em artes performativas e cinema. Atualmente coordena o projeto FILMar, na Cinemateca Portuguesa — Museu do Cinema, e assina a exposição “Quem és tu? Um teatro nacional a olhar para o país”, para o Teatro Nacional D. Maria II. Assinou os livros Luís Miguel Cintra: O cego que atravessou montanhas (Orfeu Negro, 2016) e Tiago Guedes : Valse à six temps (Centre Pompidou-Metz, 2011), e coordenou a edição Cadernos do Rivoli, volumes 07 a 09 (Teatro Municipal do Porto, 2020-2022), e comissariou as exposições “Mais um Dia” (Teatro São Luiz, 2022), “Augusto Cabrita, o olha encantado” (Curtas de Vila do Conde, 2023) e “Geografias de Ficção” (Casa da Cultura de Seia, 2023).

É um ciclo de uma ambição sem paralelo na história dos ciclos sobre o período em questão: os anos 30 americanos sob as medidas do New Deal. Pensado em articulação com o Doclisboa, estarão presentes no programa, na larga maioria pela primeira vez na história da Cinemateca Portuguesa, obras que reflectem sobre esses anos conturbados de crise económica e social – e de grande (re)definição política. Raridades com clássicos esquecidos – diria ser esta a fórmula que atravessa as escolhas aqui vertidas, 25 sessões, quase 60 títulos, a maioria deles será projectada em película (comme il faut), na presença de dois convidados muito especiais, vindos dos Estados Unidos: Tanya Goldman e Tom Hurwitz. Haverá ainda uma publicação da Cinemateca coordenada por mim e com excelentes contributos. Espero que gostem.

Assinalo ainda um ciclo com quatro filmes que estará associado a um colóquio organizado por mim, pelo José Bértolo e pelo Amândio Reis: Hervé Guibert e Roland Barthes: Os Fantasmas do Íntimo. A abrir, Brian Dillon, convidado especial do ciclo e keynote speaker na dita conferência – que já divulgarei aqui, com outro grau de pormenor -, irá falar sobre La pudeur ou l’impudeur, única realização – exibida postumamente – de Hervé Guibert. Começa assim, mas o resto também é para ser “consumido” voraz e perigosamente, claro.

Consulte o programa completo (com tudo isto e muito mais) aqui.

Mês preenchido, com muitas folhas (e não só), que termina mais cedo porque faço uma muito necessária pausa para férias. Redigi folhas de sala sobre títulos do ciclo, que me deu um prazer especial imaginar, dedicado ao actor e realizador Alan Arkin, a saber: Little Miss Sunshine, Little Murders, Freebie and the Bean e Fire Sale. Escrevi ainda sobre um filme relativo ao ciclo dedicado a Jerry Schatzberg, The Seduction of Joe Tynan. E concluí a série intensa com uma folha sobre Variações, filme que passa hoje, às 18h30, com a presença do realizador, João Maia, e do director de fotografia, André Szankowski, no âmbito dos 25 anos da Associação de Imagem Portuguesa (AIP).

Agradeço à Inês N. Lourenço a atenção dada ao ciclo dedicado a Alan Arkin, num óptimo texto publicado no Diário de Notícias.

O meu agradecimento à Daniela Rôla, pela reportagem fotográfica e pela presença numa noite agradabilíssimo passada na Feira do Livro do Porto para apresentar um dos livros da minha vida, A Imagem Fantasma, de Hervé Guibert. Livro editado pela BCF editores, traduzido e prefaciado pelo Amândio Reis. A apresentar esteve também António Preto, leitor-modelo deste livro de Guibert.

Sobre Guibert, teremos (muito) mais novidades em breve para vos dar.